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Romance do Pala Velho

Roberto Martins

Uma vez fui pra cidade na maldita perdição
Lá perdi meu pala velho que me doeu no coração.
Quando voltei da cidade, vinha com dor na cabeça
Cheguei fazendo promessa, Deus permita que apareça.

Encontrei xirú do posto e não deixei de maliciar
Que ele achou meu pala velho e não queria me entregar
Fui dar parte ao comissário, ficou pra segunda-feira.
Me levaram na conversa, se foi a semana inteira.

Veja as coisas como são, como se forma a lambança
Que pelo mal dos pecados era o forro das crianças.
Com este meu pala rasgado, passava campos e rios
Com este meu palinha velho não temo chuva nem frio.

Foi forro para as carpetas e em carreiras perigosas
“Inté” serviu de agasalho pra muita prenda muita prenda minosa
“Inté” nas noites gaudérias meu pala soltito ao vento.
Ia abandonando pachola pras luzes do firmamento.

Informem nas vizinhanças este triste sucedido
Quem tiver meu pala velho que prendam este bandido.
Neste mundo todos morrem, da morte ninguém atalha.
Me entreguem meu pala velho pra eu levar de mortalha.






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