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Qualquer Uma

Roberto Martins

Pode tocar qualquer uma desde que traga bem viva
A velha chama nativa que minha estrada inda ruma
Que em cada nota resuma esse destino altaneiro
Se for assim meu parceiro pode tocar qualquer uma
A minha alma se apruma quando a guitarra ponteia
O coração incendeia e a mágoa se desarruma

Eu não escolho nenhuma milonga, chote ou vaneira
Sendo gaúcha e campeira pode tocar qualquer uma

Qualquer uma que me faça sentir aquela fragrância
Da madruga na estância: olor de campo e fumaça
Que nela meio por graça a nossa querência taita
Na voz antiga da gaita cante os encantos da raça

Mate bem gordo de espuma na madrugada de inverno
E um pai-de-fogo no cerno vai fumaceando uma bruma
A cabriúva perfuma o meu galpão feito incenso
Eu ligo no rádio e já penso “pode tocar qualquer uma”






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