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O Cavalo Crioulo

Roberto Martins

Vem do Andaluz sem engano
Que andejou no passado
Por mares não navegados
Ao destino americano
Do mimetismo pampeano
Que legou gateados fortes
Criados xucros na sorte
Há mais de quinhentos anos

Vem de ibérico baguais
Chegados antes fecundos
Aos campos do novo mundo
Que foi chão dos ancestrais
Vem de bravos ideais
A galope, combatentes
Conquistando o continente
Em fronteiras desiguais

Na seleção das manadas
Por força, fôlego e raça
Há um destino que se traça
Pras gerações esperadas
Entre sóis e chuvaradas
Neves, mormaços, minuanos
Deste solo americano
Nos Andes, pampas, canhadas

Relincham reprodutores
Guiando suas manadas
Éguas prenhas, “potrillada”
Com seus ventos divisores
E a mão dos dominadores
Se desenha na Argentina
Com a força campesina
Dos tehuelches domadores

O tempo fez, sem igual
Seu papel de formador
Legando ao historiador
A biografia bagual
Do cavalo magistral
Que viu nascerem cancelas
Desde as velhas caravelas
Aos escampos de “El Cardal”

Assim a história lhe vê
Como um guerreiro valente
Plantando a própria semente
Às vezes mais de uma vez
O próprio destino crê
Não ter sido um mero pealo
O encontro desse cavalo
Com Emílio Solanet

Por isso a pampa bravia
Segue em torno do cavalo
Parecendo emoldurá-lo
Em cada fotografia
E há estranha magia
Que o olhar, exultando
Ver a querência julgando
A cada morfologia

Vejo tropa e matadouro
Numa paixão transcendente
A terra, o índio, a semente
A marca quente e o couro
Revoluções e tesouros
Potros campeando a manada
Na prova da paleteada
Final do freio de ouro!






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