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No Encontro da Madrugada

Roberto Martins

No encontro da madrugada
Eu pecho as guardas do dia
E um vento brabo assovia
Pra manhã que chega feia.
Poncho batea "vermeia"
Pra um geadão macanudo
Que vem levantando tudo
Na alma de quem mateia.

Um grito de quero-quero
Chega alertando a manhã
E um céu negro em picumã
Vem desabando a coxilha.
Meu gateado espera a encilha
E uma forquilha nos bastos
Pra "quebrá" o gelo dos pastos
E as telas, nas machanilhas

Um gateado e seis cachorro
E um mangueirão de seis tento
Pra se abrir, contra o vento
E buscar um touro na armada.
Vou topar essa parada
Pra saber por quê não veio
A mais de cinco rodeio
No fundão dessa invernada.

Um sapucai que se estende
Dá o contraponto na grota
E a cuscada na volta
Pra desentrocar o groteiro.
Meu gateado que é campeiro
Vinha das casas sentindo
Que ia chinchar touro fugindo
Dos dentes dos ovelheiros

É um palanque o meu gateado
Escareia e troca a orelha
E chincha força parelha
Firma nas quatro e se encrava
Que é costume da minha "lavra"
Ter bom cavalo e cachorro
Pra o caso, de algum touro
Querer negar minha palavra.

Se desentroca no mato
Seja por mal ou por bem
Mal sabe ele que tem
Mais força no peito.
Mas sou assim desse jeito
Tenho a confiança no braço
Depois que eu digo o que faço
Só volto, depois de feito!!






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