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Milongão do Campo Afora

Roberto Martins

No dia-a-dia da estância quando enfreno pra lida
As léguas são mais compridas ao se dizer campo afora
Com o tinido da espora componho coplas ao tranco
Pra demonstrar quando canto o campeirismo que aflora

Tordilha, negra, cabana, de “visitá” o chinaredo
Guarda consigo segredos da doma e do arrocino
Sabendo por próprio tino que se do boi cruza o rastro
Há um taura firme nos bastos e um laço no seu destino

De a cavalo sigo ao tranco assoviando uma milonga
Remoendo coisas da vida pra outros dias que vêm
Repontando algum anseio desgarrado do rodeio
Ou da ternura de alguém

Nas lidas manejo o freio conforme a volta do dia
A repontar melodias e os mais terrunhos floreios
Seja num simples ponteio de um pica-pau na tronqueira
Ou num clarear de boieira quando a noite se anuncia

E ao findar outro dia de talareio de esporas
Repouso a esperar a aurora pra encilha de um bom cavalo
Pois a estampa que falo de gauchada campeira
Se encontra lá na fronteira milongueando campo afora






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