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Cruzando a Querência

Roberto Martins

Sou alma e estampa cruzando a querência
Vou seguindo o rastro do meu estradear
Levo sempre por diante toda a minha essência
E de tiro a saudade gaviona de cada lugar

Quero tapear na testa o aba larga agora
E tinindo esporas apear no galpão
Venho corpo leviano se chora a cordeona
Pra um namoro junto às querendonas do meu coração

Banco o morito no freio bueno e campeiro se faz
O rebenque no cabo da faca, um palita atirado pra trás
“Buenas noches” do jeito fronteiro
Pra um baile grongueiro, me achego no más

Sei que a noite é potra e atropela as horas
No rastro da aurora cruza a solidão
Mas levando o corpo na linda morena
Vou firmando o compasso marcado deste milongão

Quero alçar a perna e a trote largo
Ir batendo o casco pelo corredor
Pra noutro domingo cruzar a querência
com a estampa gaúcha de sempre no rumo da flor






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