Como em quase todas as cidades
Há uma avenida onde passa o gado
Em minha terra também existia
Uma avenida sobre o meu passado
E foram tantas tardes de sol claro
Tantas e tantas nuvens de poeira
Que esta avenida hoje traz meu nome
Depois de ser estrada boiadeira
Velha avenida
Onde deixei rastros de infância
Que virou saudade
E hoje existe em cada esquina
Meu nome escrito para a eternidade
Foi a boiada longa do meu tempo
A passo lento em silêncio andando
Meu coração velho boiadeiro
Sabe que chega, mas não sabe quando
Talvez quando as paineiras tenham
Aberto as suas flores perfumadas
Igual um dia a paineira velha
Sua sombra serviu pra descansar boiadas
Velha avenida
Onde deixei rastros de de infância
Que virou saudade
E hoje existe em cada esquina
Meu nome escrito para a eternidade
Se a dor se escreve em lápide de pedra
Hoje encontrei em placas reluzentes
Meu nome escrito a brilhar porque
Esta homenagem recebi contente
Foram quarenta anos de trabalho
Que felizmente estão reconhecidos
Quando os meu versos para o céu voarem
Em minha terra alguém os tenha lido
Velha avenida
Onde deixei rastros de infância
Que virou saudade
E hoje existe em cada esquina
Meu nome escrito para a eternidade
Composição: José Fortuna/Paraíso