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Garreado

Renato Oliveira

O sol que mal tinha clareado
Naquela manhã traiçoeira
Se escondeu na polvadeira
De um corcovo debochado
Que encordoava cadenciado
No embalo de cada berro
Toureando a força dos ferro
De quem vinha enforquilhado

Já da sala pra cozinha
Vinha igual mala de loco
Se defendendo no soco
Daquela maula mesquinha
Que se mostrava daninha
E muito mais revoltosa,
Pra o irmão do Antônio Rosa
E cria da Velha Dadinha.

Era bem veciada a tostada
Que corcoveou com o João Pedro
Segunda-feita bem cedo
No alvoroço da pegada
Me alembro que a cachorrada
Faz um costado pra o negro
Que já vinha sem sossego
Forcejando tipo bicho
Quase igual a um carrapicho
Agarrado nos pelegos

Tivesse montado mal
Nem cruzava da porteira
Onde a tostada grongueira
Se guasquedou e tirou o buçal
Arrenegada do Bocal
Trazia o Negro garreado
Num vai e vem chamarreado
Que assusta inté o mais bagual

Nunca vi côsa mais feia
Não é fácil, mas é lindo
Quando o mundo vem sumindo
Pra o índio que gineteia
Pois se a vida corcoveia
Buscando a volta mais braba
Quem facilita desaba
Quando o destino garreia






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