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Baia Sebruna

Renato Oliveira

Se foi assim tastaveando
Como querendo rodar
Pra mode não se estropear
Tentiei o bico do freio
Égua maleva essa baia
Com cismas de renegada
Cria de raça estragada
Que há tempos redomoneio

Já dei nem sei quantas sovas
Nesta bruta mal costeada
De cabeça encarneirada
Se assombra quando vê gente
Já desmanchou meus arreios
De tanto que se boleia
Todo dia veiaqueia
Num corcóveo diferente

Baia sebruna matreira
Vive só de lombo inchado
Cosquilhosa e negadeira
Me traz um tanto estafado
Quando vê qualquer toceira
Já se bolca de costado
Che de deus que trabalheira
Pra um pobre ganha uns trocado

Pra embuçalar de manha
É sempre a mesma novela
Murcha a orelha e atropela
Bicho arisco desgraçado
Não forma junto com os outros
Parece inté me tenteando
Fica num canto roncando
Que nem peludo enfurnado

Se até semana que vem
Eu não te ajeitar da boca
E tu seguir feito louca
Te atirando nas cancela
Eu juro que largo a doma
Meu oficio desde novo
Dou uma cruzada no povo
E te vendo pra mortadela






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