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Nada Sou

Raimundo Fagner

Eu não sou eu
Sou enxada no barro do chão, sou sertão.
Eu não sou fé
Sou pecado no corpo fechado de Lampião...
Sou espada,
Sou granada
Sou toada

Na voz do cansado cantador,
No grito do chato agitador
E pensando na morte que eu peço
Eu quero de volta o meu ingresso
E o chefe envolvido num processo...

No apito da fábrica apitando
Na canção que os meninos vão cantando
Sem saber que cantando vão chorando
Estefânia parou de cantar
Ouço o eco do chôro no mar...

No ronco dos carros na sesta
Cabeças de vento em festa
Alguém me pedindo perdão
Por falar e mandar sem razão
Não aceito motivo. Dou não...

Eu não sou eu
Sou panfleto voando e rolando do avião.
Eu não sou fé
Sou pecado de amor, resultando indecisão.

Sou espada
Sou granada,
Sou toada...

Eu não sou eu
Sou um deus a pedir um holocausto de outro deus (bis)
Deus a deus
Deus a deus
Deus a deus.






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