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Madalena

Raimundo Fagner

Eu tenho a boca que arde com sol
O rosto e a cabeça quente
Com madalena vou embora
Agora ninguém vai pegar a gente
Dei minha viola num pedaço de pano...
Um esconderijo e um aguardente...
Mas um dia eu arranjo outra viola
E na viagem vou cantar pra madalena

Não chore não, querida
E se de certo finda
Tudo aconteceu, e eu nem me lembro
Me abrace na minha vida, me leve em teu cavalo
E logo no paraíso chegaremos

Vejo cidades, fantasmas e ruínas
A noite escuta seu lamento
São pesadelos e aves de rapina
No sol vermelho do meu pensamento

Será que eu dei um tiro no cara da cantina?
Será que eu mesmo acertei seu peito?
Vem, vamos voando, minha madalena
O que passou passou
Não tem mais jeito

Naquela sombra vou armar minha rede
E olhar os solitários viajantes
Beber, cantar e matar a minha sede
Lá longe, onde tudo é verdejante

Não chore não, querida
E se de certo finda
Tudo aconteceu, e eu nem me lembro
Me abrace na minha vida, me leve em teu cavalo
E logo no paraíso estaremos

O padre vai rezar uma prece tão antiga
Domingo na capela da fazenda
Brinco de ouro e botas coloridas
Nós dois aprisionados nessa lenda

Ouço um trovão e penso que é um tiro
A noite escura me condena
Não sei se vivo, morro ou deliro
Depressa, pega a arma madalena
Tem uma luz por trás daquela serra
Mira, mas não erra, minha pequena
A noite é longa e é tanta terra
Poderemos estar mortos noutra cena

Ai... não chore não, querida
E se de certo finda
Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Me abrace na minha vida, me leve em teu cavalo
E logo no paraíso dançaremos

Humm... não chore não, querida
E se de certo finda
Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Me abrace na minha vida, me leve em teu cavalo
E logo no paraíso dançaremos

Composição: Ivan Guimaraes Lins/Ronaldo Pires Monteiro de Souza





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