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Festa da Natureza

Raimundo Fagner

Chegando o tempo do inverno
Tudo é amoroso e terno
No fundo do pai eterno
Sua bondade sem fim

Sertão amargo esturricado
Ficando transformado
No mais imenso jardim
Num lindo quadro de beleza

Do campo até na floresta
As aves lá se manifestam
Compondo a sagrada orquestra
Da natureza em festa

Tudo é paz tudo é carinho
No despertar de seus ninhos
Cantam alegres os passarinhos
O camponês vai prazenteiro

Plantar o seu feijão ligeiro
Pois é o que vinga primeiro
Nas terras do meu sertão
Depois que o poder celeste

Mandar a chuva pro nordeste
De verde a terra se veste
E corre água em borbotão

A mata com seu verdume
E as fulô com seu perfume
Se enfeita com vagalumes
Nas noites de escuridão

Nesta festa alegre e boa
Canta o sapo na lagoa
O trovão no ar reboa

Com a força desta água nova
O peixe e o sapo na desova
O camaleão que se renova
No verde-cana que cor

Grande cordão de borboletas
Amarelinhas brancas e pretas
Fazendo tanta pirueta
Com medo do bentiví

Entre a mata verdejante
Seu pajé extravagante
O gavião assartante
Que vai atrás da jurití

Nesta harmonia comum
Num alegre zum zum zum
Cantam todos os bichinhos...

Composição: Gereba





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