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Farinha De Comer

Raimundo Fagner

Eram cinco bocas numa casa de farinha
Nenhuma mandioca, um aipim sequer
Eram cinco bocas numa casa de farinha
E o fogo apagado, nada pra moer
Justo a lembrança da maniva é o que se tinha
Saudade tapioca, beiju de querer
A boca dos manos mais a boca da maninha
As bocarras ocas, banguelas de fé

E a lua iluminava um farelo que sobrou
Farinha comer, farinha comer
De longe enviava um fiapo de amor
Mal via o raio o forno frio teimava acender
De estrelas cometas planetas promessas
De sonhos, estradas, visagens, viagens e torpor

Eram cinco bocas no fogão do fim da linha
Fogareiro mudo, mouco de acender
Eram cinco bocas no fogão do fim da linha
Fumegando a sina de apagar pra ver
Resta só o afago congelado na espinha
A chama do gelo na lama do ser
E a alma do manos pelas bocas se encaminha
Pra bocarra oca do infinito céu

E a lua iluminava um farelo que sobrou
Farinha comer, farinha comer
De longe enviava um fiapo de amor
Mal via o raio o forno frio teimava acender
De estrelas, cometas, planetas, promessas
De sonhos, estradas, visagens, viagens e torpor
De estrelas, cometas, planetas, promessas
De sonhos, estradas, visagens, viagens e torpor
Estrelas, cometas, planetas, promessas
De sonhos, estradas, visagens, viagens
De lírios, papoulas, de sonhos






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