Tínhamos que pôr os pés
Pra fora de casa
E tapar os olhos contra a luz
Todos os dias do ano
Vivíamos carregando as malas
Pesadas do dia-a-dia
Vivíamos tomando analgésicos
Pras dores da vida
E era tão fácil fechar os olhos
E dormir até o dia seguinte
Acordar atrasado e suado
Como se só tivesse durado trinta minutos
Não era fácil ter de sorrir
Não era fácil deixar de chorar
Engolir cada vírgula a seco
E dar as costas para si mesmo
Já nos prostituímos
Já armamos um circo
Escorregamos no lixo
Que jogaram em nosso caminho
Quem nunca precisou de um pouco de ar puro
Quem nunca procurou uma piada em um drama
Quem nunca precisou de um amigo de madrugada
Quem nunca procurou um outro lado na história
Quem nunca precisou de um pouco de álcool?
Para se esconder
Para aparecer