Letra: - Sérgio Sodré
Música: - Ezequiel Rosa
Na sombra do mato seco
Desencilho o estradeiro
Fecho e acendo um palheiro
Sentindo perto o mormaço
Do vapor que sai do pasto
Judiado pelos janeiros
Nestes limites fronteiros
Onde o verde ficou escasso
Contemplo o luto do açude
Nas rachaduras do barro
Um poço raso enlameado
Onde a vida se findou
O gado já se apartou
Campeando outras aguadas
Nem a sanga canta as mágoas
Porque a vertente secou
Os dias passam sem presa
Neste intenso verão
E tudo que molha o chão
É o suor que vem da gente
Que arando a terra nem sente
Que o tempo anda salgado
E todo campo plantado
É um funeral de sementes
Vez em quando alguma planta
Parece que ressuscita
E entoa uma prece "solita"
Erguendo os braços ao léu
Pra "rebentar" o sovéu
Que o mormaço encordoa
E libertar as garoas
Pra se bandearem do céu
Atiro as garras no flete
E sigo com o céu no rosto
Contemplando com desgosto
O sol entonado em brasa
E numa esperança rasa
Rezo olhando o horizonte
Pra que a garoa me encontre
Antes que eu chegue nas "casa".