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O Espelho

Pirisca Grecco

Quem é esse homem estranho
Que com seus olhos castanhos
Me observa do espelho

Acaso será o avesso
De alguém que foi esquecido
E de si anda perdido

Como muitos que conheço
Olho e não me reconheço
Nesse rosto envelhecido

Os olhos onde o espanto
Por abri-los viram tanto
Estão opacos assim

O tempo socou as marcas
Neste rosto como tarcas
De uma contagem sem fim

Na alma não envelheço
Por isso me desconheço
Na imagem gasta no espelho

Aparo a barba grisalha
Passo o pente no cabelo
Ao tempo que me convenço

Não sou o corpo que vejo
Refletido a minha frente
Sou as ideias que tenho
Eu sou aquilo que penso
Eu sou aquilo que penso

Por isso esse não sou eu
E a alma que deus me deu
Continua a mesma ainda

Entendo melhor agora
Por que ela ira embora
Quando o coração parar

O espelho nos ensina
Que o que vemos se termina
E o eterno esta sempre
Muito alem do nosso olhar

O espelho nos ensina
Que o que vemos se termina
E o eterno esta sempre
Muito alem, muito alem
Sempre muito alem, muito alem

Composição: Afonso Machado Greco / Colmar Pereira Duarte





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