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Pago Ausente

Pedro Ortaça

Com destino caborteiro me bandeou pra outro pago
Que não tem o mesmo afago do rincão onde nasci
Não se ouve o bem-te-vi cantar ao raiar do dia
Nem se escuta a melodia da canção da juriti.

Não vejo mai campo aberto onde existe gado alçado
Só vejo touro aporeado que nem dá para laçar
É duro de se aguentar os sofrenaços da vida
Quando a saudade atrevida começa nos castigar.

Assim vou curtindo as penas que me trouxe pro desengano
Como um potro orelhano, sem dono, sem parador
Morando no corredor atropelado da sorte
Vagando se sul a norte como um duende sofredor.

E quando chega a tardinha que o sol descamba a passito
Eu solitário encontrito sinto uma grande emoção
E no peito o coração corcoveia diferente
Ao relembrar tristemente o meu crioulo rincão.

Mas peço a deus que me mande novamente a minha querência
Que os finda r minha existência seja meu ultimo abrigo
Um palmo de chão amigo para que eu possa escutar
Um quero-quero gritar ao lado do meu jazigo.






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