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Costeiro

Pedro Ortaça

Não tenho cadeira de homem letrado
Na lida costeira que eu fui criado
Meu pai companheiro me ensinou viver
Não tenho cabanas com vidraças brancas
Tenho um velho rancho junto da barranca
De portas abertas pra te receber.

Se eu tenho esse jeito de andar disposto
E trago um sorriso estampado no rosto
Olhando em meus olhos meu olhar te diz
Que vivo contente por ser missioneiro
Por ser um gaucho, ser um brasileiro
E um taura costeiro que canta feliz.

A estampa me moldou a carcaça
E correndo nas veias o sangue da minha raça
Me arrepia o pelo já desde guri
Junto a natureza bem longe das drogas
Peguei a chalana, meus remos de voga
E fui pra os remansos pescar lambari.

Meu pai um caudilho balseiros das águas
Criou esse filho faceiro e sem magoas
E hoje agradece seu viver sadio
Por ter essa graça do Deus padroeiro
E hoje estar junto com outros costeiros
Para entoar cantigas de costa de rio.






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