Carlos Cesár e José Fortuna
Toada
Junto a casinha do estradão que dia
um boiadeiro preso ali ficou
Pelos carinho da mulher amada
e seu berrante nunca mais tocou
Lá encontrei uma mulher sozinha
quis saber dela o que se passou
Mandou sentar-me pra ouvir seu drama
e do companheiro ela assim falou:
Ele morreu a prosseguiu viagem
na estrada larga que ao céu conduz
Hoje as estrelas são sua boiada
no azul do espaço de infinita luz.
Ainda hoje veja na janela
Lá no estradão a boiada a passar
Como a boiada longa dos meus passos
dentro de mim, a passo a caminhar
Amigos seus as vezes me perguntam
por onde anda o velho boiadeiro
A todos digo: Ouça a voz do vento
Que traz do além a voz do berranteiro.
Aqui estou meus velhos companheiros
olhem pra cima pra me ver passando
Em meu cavalo raio de luar
pelo estradão de estrelas galopando.
O meu berrante, hoje são trombetas
que os anjos tocam chamando a boiada
De nuvens brancas no sertão do espaço
vindo ao curral azul da madrugada!