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O Pacifista

Padre Zezinho

Os grandes problemas do mundo
Eu sonhava poder resolver
Surgisse um mistério profundo
Eu tentava o mistério entender
Não havia proposta ou resposta
Que eu não tivesse na palma da mão
Se corresse do jeito perfeito
Que eu imaginava
Este mundo eu mudava

Os grandes conflitos da terra
Eu pensava em poder contornar
A fome a injustiça e a guerra
Do meu mapa eu jurava riscar
Não havia nem experiência
Nem fé nem ciência
A que eu desse valor
Se corresse do jeito perfeito
Que eu imaginava
Este mundo eu mudava

E assim foi que ano após ano
Nada fiz muito além de sonhar
Problemas do cotidiano
Não tardou se fizeram chegar
E eu que tinha proposta e resposta
Pra cada problema na palma da mão
Descobri que o tal jeito perfeito
Que eu arquitetara
De nada adiantara

Foi então que eu me vi de repente
Revoltado e querendo matar
Este mundo era um pobre demente
Não valia por ele sonhar
E eu que tive milhões de respostas
Um mar de propostas na palma da mão
Descobri que sistema perfeito
Que em sonho eu criara
Se desmoronara

E na tarde tranquila e silente
Eu me pus a pensar em Jesus
Que acabou condenado inocente
A morrer torturado na cruz
Ele tinha milhões de respostas
E algumas propostas de renovação
Se corresse do jeito perfeito
Que ele imaginava
Este mundo mudava

Sou daqueles que ainda sustentam
Que Jesus era o filho de Deus
Que uma doce esperança acalentam
De encontar o seu reino do céus
E vislumbram Jesus com seu brilho
De Deus sendo filho e querendo mudar
Esse instinto de ódio e de guerra
Que mancha de sangue
De horror essa terra

Ao passado eu retorno e recordo
Que eu queria este mundo mudar
Vejo as coisas com que não concordo
Mas não penso em ferir ou matar
Já não tenho milhões de respostas
Nem fórmulas mágicas nem solução
Quando eu vejo que eu fui imperfeito
Não culpo ninguém
Eu procuro outro jeito

Quem quiser me chamar de covarde
Pense antes mil vezes ou mais
Pela guerra quem faz mais alarde
É o que tem maior medo da paz
Quem não sabe lutar sem rancores
Pra ver seus valores um dia vencer
Tem o medo estampado na cara
E por causa do joio
Destrói a seara

Composição: Padre Zezinho, Scj





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