×

Biografia de Ostheobaldo

Ostheobaldo era a típica banda de rock brasileira que satirizava tudo o que sabia, via, lia e ouvia sobre o Brasil, uma forma diferente e muito mais divertida de patriotismo. Seja política, discriminação, religião, problemas sociais diversos, cultura (ou falta dela), pilantragem, entre outros temas, tudo com bom humor, sarcasmo e sem pregos na língua. A banda lembra nossos queridos Mamonas Assassinas mas numa versão muito mais crítica, pelas letras que satirizavam nosso dia-a-dia, pelos besteiróis que pouco fazem sentido e pelas misturas de ritmos e instrumentos ao velho rock. Também uniam o heavy metal e o punk, de forma irônica, ao funk carioca, a batucada e aos ritmos nordestinos que seguiam regidos por berimbaus, triângulo e percussões.

O nome Ostheobaldo soa desconhecido e novo para muitos, e nostálgico para poucos. Esta foi a banda que, sem dúvida alguma, foi a responsável pela criação do Tihuana. A banda, formada pelo vocalista Jonny, o guitarrista Léo, o baixista Román, o percussionista Baía e o baterista P.G. lançou apenas 2 Cds, Ostheobaldo (1996) e Passa o Corredor (1998), tendo seu fim em 1999 com a saída de Jonny. Mas com o fim de Ostheobaldo nascia o Tihuana, agora com Egypcio assumindo os vocais e conseguindo muito mais espaço e seguidores, até porque seu primeiro álbum recebeu nada mais, nada menos que um disco de ouro.

O destaque maior vai para o debut, que foi uma fábrica de canções hilárias e dificulta a escolha somente alguma representante. A primeira, Ostheobaldo, é como uma apresentação, mostrando a hipocrisia e a falsa moral, no caso dos policiais. Arrasa Quarteirão (que possui um clipe bem humorado) mostra o poder da mulata e suas curvas. Funk do Edmilson une o funk carioca com o metal. Homem com H é um cover punkeado e muito cômico do grande Ney Matogrosso. La Poronga critica a roubalheira religiosa, citando o Papa e a Igreja Católica e Edir Macedo com sua IURD, convidando-lhe que chupe sua la poronga. E podemos deduzir o que CincoContraUm se refere, então sem maiores explicações. Não só estas, mas todo o CD é louvável, malandro, crítico e empolgante.

Já o "Passa o Corredor" é totalmente diferente, nem parece ser a mesma, por vezes. A banda tentou algo mais sério, menos diversão e mais maduro, algo comum, como podemos ver em bandas como Ultraje a Rigor, Tihuana, Titãs e outras, que se mostram bem diferentes logo no segundo álbum. Mas as letras ainda (algumas) continuam recheadas de sarcasmo. A música sim sofreu maiores mudanças. Nota-se que a intenção é falar com o público, e não apenas fazer música para pular e se descabelar, que por outro lado assumiram uma pose mais HC e durona. Ritmos como groove, hiphop e uma produção melhor são apresentados. Para muitos, a banda perdeu sua identidade nele, e pessoalmente, não me empolga como o primeiro. Mas o disco é bom e conta com Preta Véia e seu clipe, Docemá, El Cafetón e Tô na Boa.

Não precisaria nem dizer que para quem ouve Raimundos, Mamonas, Virgulóides, Comunidade Nin-Jitsu, Catapulta e mesmo o Tihuana, esta se trata de uma audição obrigatória.