Da curva da estrada avistei a porteira
De um pau de arueira que meu pai lavrou
Voltaram lembranças fazendo alvoroço
Do tempo moço que longe ficou
Mas minha alegria virou desespero
Ao ver o letreiro que alguém colocou
Também a corrente e a porteira trancada
A frase estampada meu peito gelou
Dizia o letreiro “proibida a entrada”
Na face marcada meu pranto rolou
Porteira fechada, proibir é maldade
Que eu mate a saudade do antigo lar
Também há um letreiro de 'entrada proibida'
Que o tempo pregou na porteira da vida
E à infância perdida não posso voltar
Lembrei-me do tempo que o sítio era nosso
E que já nem posso rever hoje em dia
Quem fosse chegando levantava a tranca
A entrada era franca e ninguém proibia
Estranhos e amigos chegando era certo
De braços abertos a gente acolhia
Hoje eu quis voltar e não tive sucesso
Magoado confesso essa dor não previa
Porteira fechada, em meu triste regresso
Negar-me o acesso é uma estranha ironia!
Porteira fechada, proibir é maldade
Que eu mate a saudade do antigo lar
Também há um letreiro de 'entrada proibida'
Que o tempo pregou na porteira da vida
E à infância perdida não posso voltar
Composição: Pedro Ornellas