Eu em criei no rio grande amado
Abrindo roçado ergui parreirais
Sou um rio-grandense de sangue italiano
Um taura buerano iguala meus pais.
Eu trousse da pátria que ficou distante
A saga imigrante que conduz meu povo
Dos navio da Europa se vieram comigo
Costumes antigos pra um mundo novo.
No campo nos bugres cravei as esporas
Singrando as auroras provei essa terra
Conta os desenganos aguentei o repuxo
Sou gringo gaúcho de cima da serra
Nos porões do rancho de parede cruas
Cruze muitas luas amargando a dor
Preparando um vinho ou rezando um terço
Pois trousse no berço a fé no senhor.
No grito da mora espantei a saudade
E muitas cidades fundei no meu peito
Mas jamais renego meu chapéu de palha
Porque a velha Itália bate no meu peito.
E hoje passado dezenas de outonos
Aquele colono é um serrano altivo
E ao mesmo braço que semeia o chão
Firma a tradição deste pago onde eu vivo.
Num tiro de laço eu sou respeitado
Floreio um teclado no estilo raiz
Se o meu sotaque tem o som estrangeiro
Meu verso é campeiro e assim sou feliz.