Lá na campanha minha luz de candieiro
Maecha de lã e baixeiro com sebo seco de rês
O meu sustento levo na ponta do lápis
Só compro de um tal mascate que vem lá de quando em vez
Tenho um relógio que dorme no oitão da casa
Me acorda batendo asa e eu salto fora do catre
Atiço as brasas e já chamusco uma costela
Depois tiro o sal da goela numa cambona de mate
Tomo meu banho a bola pé no açude
Pois chuveiro de índio rude é tapado de água-pé
De vez em quando pra poder dar umas braçada
Tenho que abrir picada no meio do jacaré
Nas noites quentes quando o sono vai-se embora
Eu tiro o catre pra fora e me tapo com o infinito
Ventilador de campanha é pampa aberta
E uma mão que fica alerta tentiando algum mosquito
Quando eu me for me enterrem na paz do campo
Pra eu olhar os pirilampos encher a pampa de luz
Não façam cerca, pro gado me pisar em cima
E o meu mouro coçar a crina se esfregando na minha cruz.