Quando a gaita debochada engole a alma
Que essa gaiteiro apaixonado tem nos dedos
Vai pouco a pouco sorrateira enchendo a sala
Para contar os seus cambichos e segredos.
E o tocador cheio de ânsias querendonas
Vai se entregando e nem percebe que a ventana
É um saudade disfarçada de cordeoana
Que vai desfiando o rosário e suas penas.
E dê-lhe gaita, dê-lhe baile noite a dentro
Gaiteiro e gaita se completam no salseio
Se o gaiteiro tem a gaita dentro d’alma
Dentro da gaita vive a alma do gaiteiro.
Quando o gaiteiro anda meio abichornado
Agarra a gaita e se renova num momento
Pois a parceria lhe ajuda a botar fora
Todas as mágoas, tristezas a tormentos.
Nos olhos tristes aparecem um brilho novo
E o coração tranqueia firme no compasso
E os dois parecem um casal de apaixonados
Trocando juras na ternura de um abraço.