Quando eu vejo um caminhão de bois
Uma saúde vem me atormentar
O tempo passa tudo vai mudando
E só me resta hoje recordar.
Não há mais tropa a passar na estrada
E nem poeira subindo no ar
Calou-se o tempo a voz do tropeiro
Num eira boi com a tropa a gritar.
Ai, a saudade vai, ai a saudade vem
Daquele tempo bom que já se foi
Estradas não tem mais, poeira também não
Somente caminhão levando bois.
Quem foi criado bem na moda antiga
Daquele tempo que não tem mais luxo
Sabe a saudade que eu sinto agora
E as vezes chora pra agüentar o repuxo
Trago a lembrança na memória viva
Sou cerne forte, não vergo e não murcho
Sei que progresso transformou meu pago
Mas não mudou a minha alma de gaúcho.
Se eu pudesse regressar no tempo
Regressaria no tempo agora
No meu cavalo sempre a galope
Cortando estreada pelo pago a fora
Abro as porteiras do meu pensamento
Que vai de volta aonde o passado mora
Só desse jeito acalmo a saudade
Saudade xucra de um mundo de outrora.