Quem vive do verso cantando o Rio Grande
Carrega no sangue o sangue da gente
É o grito liberto do peão explorado
Que sendo soldado não fala o que sente.
Igual ao açude batendo nas pedras
É o canto que agrega valores de outrora
É a china que espera depois do horizonte
É a vida e reponte no timbre da espora
Quem vive de versos tropeia amizade
Deixando saudades por tudo que á canto
Num baile gaúcho reunindo as famílias
Num rádio apilha num fundo de campo
Quem vive de versos não anda folgado
Tem dedo judiados de gaita e violão
E mesmo rengueando comanda a folia
Taureando invernias no altar do galpão
As vexes carrega o peito tristonho
Por ver que os sonhos se vão a la cria
Mas abre a garganta e vem no tranquito
Cantares bonitos trazendo alegria
Quem vive do verso não quer sofrimento
E paira no tempo que a tudo consome
Por que algum dia ausente do ninho
Alguém com carinho lembrará seu nome
Será uma estrela bailando em aguada
Pelas madrugadas da pampa charrua
Será uma voz em forma de vento
Soprando lamentos pra um resto de lua