Eu boto fé naquilo que me pertence
Sou peão rio-grandense criado com pouco luxo
É sendo assim meu trabalho é minha crença
A palavra é uma sentença que roda esse gaúcho.
Eu boto fé na gente da minha raça
Que na hora da fumaça fica pegando parelho
Gosto do galo que morre e não pede trégua
E dou cola de égua feito num lenço vermelho
Eu boto fé nas cinco armas que trago
Um violão desbotado e as quatro petas do pingo
Com esses munícios sempre me sobram cambichos
Cantando pelos bolichos no entardecer de domingo.
Eu boto fé no meu braço de campeiro
E no jeitão altaneiro embora sendo um índio pobre;
O meu conceito é viver com galhardia
É cruzar as sesmarias sem deixar que a espinha dobre.
Eu boto fé na velha cruz de lorena
E nas auroras morenas trazendo o fim dessas guerras
Também “lo creio” que um dia encontrarei
Aqueles que tanto amei e se bandearam da terra;