No rincão onde eu morava gaiteiro bom não existia
Mas animava um fandango qualquer um que aperecia
O bugio ia pra sala e de lá não mais saia
Por ser uma marca fácil era só o que se sabia.
A gaita era fanhosa, o gaiteiro feito a talho
Já largava de arrancada um bugio pra quebrar o galho.
Tocava um pouco nas grossas e outro pouco nas fininhas
Mas o compasso era um só o bugio ia e se vinha
Quando o gaiteiro esgotava todos os recursos que tinha
Tocava tudo de novo depois de umas cainhas.
A gaita era fanhosa, o gaiteiro feito a talho
Já tocava novamente um bugio pra quebrar o galho.
E quem estava nos braços da prenda do seu agrado
Nem via o tempo passar dançando bem apertado
Quem tirava moça feia dançava contrariado
Quando o bugio era longo igual suspiro apaixonado.
A gaita era fanhosa, o gaiteiro feito a talho
Espichava mais e mais o bugio pra quebrar o galho.
De vez em quando o buchincho no tapa já se colava
Num canto o facão tinia e no outro o bugio roncava
Mas tudo se resolvia e o fandango continuava
Só chegando ao seu final depois que o dia clareava
A gaita era fanhosa, o gaiteiro feito a talho
Tocava pra arrematar um bugio pra quebrar o galho.