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Mudança

Os 3 Xirus

Bem no alto da coxilha, chapéu na testa quebrado
Olhando pra p descampado num olhar de despedida
O moço dava o adeus ao campo e as estradas
Onde fizera as cruzadas mais lindas da sua vida

Tinha a alma retalhada pelos golpes da tristeza
De uma pesada certeza de não voltar nunca mais
Num tento de olhar saudoso olhou o rancho tapera
Aquele rancho que era o ninho dos velhos pais.

Depois tironeando as rédeas botou as costas pro pago
Mastigando pranto amargo que o pranto lhe trouxe a boca
Como a fugir de si mesmo deu no pingo uma esporeada
E se largou pela estrada numa galopeada louca.

Muito anos se passaram a vida toda mudou
E o moço não mais voltou ao rincão onde nasceu
Nas tranças vis e mundanas onde se engana o povoeiro
O moço rude e matreiro pouco a pouco se envolveu.

Hoje ninguém reconhece nesse homem bem trajado
Aquele moço largado que tinha sorrisos franco
No seu vulto de campanha já não resta quase nada
Apenas pingos de geada nos seus cabelos brancos

Mas trás no fundo da alma uma saudade cravada
Da sua vida passada ele nunc amais esqueceu
A imagem viva do pago levada pra eternidade
Te juro que é bem verdade, pois este homem sou eu.






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