O Sol acorda o asfalto
E no infinito chumbo a estrada
Já se vê desfeito o movimento: a pousada
E o comboio sumido lá no alto
Cada viajante marujo de estrada
Sem mar, sem mãe, sem idéia
Não tem porto certo ou parada
Não tem teto, tem boléia
Parando às vezes por sede
Ou na sonata das buzinas
Às vezes dormindo na rede
Escrevendo o amor nas paredes
Descascadas de uma oficina
Como gaivotas em fila voando
O canto triste de um canário
O mundo pra trás vai ficando
Como quem viaja ao contrário
Como quem viaja cantando
Feliz rompendo o cenário