Pra’los Caminhos
Há militares de abril agosto e outros meses mais
Estivadores sem porto nem destino
Fadistas amadores e raros profissionais
Há Lisboa a flutuar, elegante fresca com o Tejo a cintilar
Telemóveis, árvores rios e ciganos d’ouro a assobiar
Há feirantes excitantes e bravos
Há Raposeira o tal champagne português
Há dicionários de francês
E não há preto no branco
Há esconde esconde toca e foge
Por estes caminhos
Há pescadores à caça
Há bares e bares neste ir e voltar
Noites ligeiras e dias longos sem abrigo
Há artistas sem palco nem momento
Há prisões com mulheres e homens, com filhos lá dentro
Há cafés com 3 televisões
Loucuras escondidas, silêncios roucos
Cimento e alcatrão, alumínio e solidão
Pra’los Caminhos de Portugal
Eu vi tanta coisa linda
Vi o mundo sem igual
Há o Porto e a Ribeira e o Guadiana que estava a secar
Há novos de meia idade a tropeçar na saudade
Velhos fortes e turistas bizarros
Taxistas enervados
Há 12 cordas em guitarras a trinar
Há águas mil em Abri
Fogo de artificio e vaidades
Há cientistas e biólogos com legado
Há 11, 12, 13 ilhas e 15 estádios abandonados
Há portuguesas bonitas e homens lindos calados
Há areia fina e fabulos wine
Trashheavymetal, e tantas muitas saudades
Pra’los caminhos de Portugal
Eu vi tanta coisa linda
Vi o mundo sem igual
Pra’los Caminhos de Portugal
Eu vi tanta coisa linda
Vi o mundo sem igual
Há o verde do Minho e santo António com beicinho
Há Amália e mais santinhos marotos á beira do cais
Há erasmus e forcados numa ligeira confusão
Há alguns parvos que parecem muitos mais
Há Miranda e dizem que até ouro
Há a Espanha mesmo ao lado
Há truta carapau e até bacalhau da Noruega
Há o Espírito Santo corvos e flores
Há marinheiros e a Madragoa
Há casamentos copos d’água
E de vez em quando baptizados
Pra’los Caminhos de Portugal
Eu vi tanta coisa linda
Vi o mundo sem igual
Há comboios e correios, tremoços e tribunais
3 linces, 2 lobos e mil coisas mais
Pra’los Caminhos de Portugal
Eu vi tanta coisa linda
Vi o mundo sem igual