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Lavadeiras do Uruguai

Noel Guarany

Com a trouxa na cabeça rumo ao povoado se vai
Dona primitiva Ismalia flor pampa que se retrai
Crioula da cor de terra namorada do Uruguai.

Ajoelha junto ao rio a cantar com a correnteza
Lavando suores profundo dos ricos da redondeza
Vê o lombo do dourado que falta na sua mesa.

De pensar em suas misérias de tão magras alegrias
Mal pucheiriada, mas tesa com as crenças e rebeldias.
Numa mestiça certeza que virá melhores dias.

Quando quer fingir alegrias vai no Nicasso gaiteiro
Tomar lição de pitanga, devagar sentindo cheiro.
E sacudir as pelancas num compasso missioneiro.

Antes também foi chibeira, formiga no outro lado.
Trazendo galheta e papa, carne e azeite engarrafado.
Hoje vê a outra margem com olhar embaciado.

No velho rancho crioulo quando a noite nos alcança
Primitiva é claridade desfiando uma reza mansa,
A Santo Inácio de Loiola padroeiro da esperança.






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