Com se disso dependesse
a vida de alguém
ele ficou sentado
sentado sobre as mãos.
Sentado sobre as mãos
Observando a escuridão
fingindo não ouvir
que ela batia na porta.
As manchas de luzes dançavam
gemendo por baixo da porta
O que ela poderia ver
Que fosse mesmo verdade
O tempo ardia em seus lábios
Queimando o terceiro cigarro
Seu peito pulsava nervoso
enquanto ela batia na porta.
Os dedos cortados das mãos
As mãos perdidas dos braços
As pernas de um grande covarde
que tremiam na escuridão.
Às vezes se chora por nada
Sentir a dor por alguém
Ele sentia por ela
Enquanto ela batia na porta