Ah, mulher!
Meu Deus, que mulher desalmada
Que coisa mais feia!
Cabeça de bruxa malvada
Em feições de sereia!
Divina mulher, graciosa
Mas sem coração
Promete, coquete, dengosa
E depois diz que não (diz que não)
Parece ter água gelada
Correndo nas veias
Mas ferve só de alimentar
Fantasias alheias
Se acaba, triturando aos poucos
Roubando a razão
De tolos, poetas e loucos
Cheios de paixão
Mosquei e me enredei
Fiquei preso na teia
Minhas asas queimei
No calor da candeia
Agora ela faz de mim
Resto e bagaço
Rindo o riso do palhaço
Quando a lona se incendeia
E eu, cá de baixo
Meio brabo e meio bobo
Ululando feito lobo
Contemplando a lua cheia
(Meu Deus, que mulher!)