Nei Braz Lopes (Rio de Janeiro, 9 de maio de 1942), ou simplesmente Nei Lopes, é um compositor, cantor e escritor brasileiro.
Notabilizou-se como sambista, principalmente pela parceria com Wilson Moreira.
Sambista, compositor popular e, hoje, cada vez mais escritor, Nei vem, desde pelo menos os anos 80, marcando decisivamente seu espaço, às vezes com guinadas surpreendentes.
Ligado às escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro (como compositor) e Vila Isabel (como dirigente), hoje mantém com elas ligações puramente afetivas.
Compositor profissional desde 1972, vem, desde os anos 90 esforçando-se pelo rompimento das fronteiras discriminatórias que separam o samba da chamada MPB, em parcerias com músicos como Guinga, Zé Renato e Fátima Guedes.
Nei Lopes, é compositor e intérprete de música popular, escritor e estudioso das culturas africanas, no continente de origem e na Diáspora.
Bacharel em Direito e Ciências Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ, tem publicada em livro vasta obra toda centrada na temática africana e afro-originada. Entre seus livros publicados contam-se, principalmente os seguintes: A lua triste descamba (romance, Pallas, 2012); Dicionário da hinterlândia carioca (Pallas, 2012); Esta árvore dourada que supomos (romance, Babel Editora, 2011); Dicionário da Antiguidade Africana (Civilização Brasileira, 2011); Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana (Selo Negro, 4ª.ed., 2011); Oiobomé, a Epopéia de Uma Nação (romance, AGIR, 2010); História e Cultura Africana e Afro-brasileira (Barsa-Planeta, Prêmio Jabuti, paradidático, 2009); Mandingas da Mulata Velha na Cidade Nova (romance, Língua Geral, 2009); Vinte contos e uns trocados (Record, 2006) Novo Dicionário Banto do Brasil (Pallas, 2003 [2012]); Partido-alto, samba de bamba (Pallas, 2005).
Atuando também como conferencista, em maio de 2010 apresentou na Academia Brasileira de Letras a conferência “O negro na literatura brasileira: autor e personagem”, publicada no nº.66 (jan – março, 2011) da Revista Brasileira, da ABL; e em setembro de 2011, participou da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, na seção “Café Literário” em conversa com o escritor angolano Pepetela, performance essa repetida em 2012, na Tarrafa Literária, em Santos, na companhia do romancista José Eduardo Agualusa, também angolano.
Em 2001, seu Dicionário Banto do Brasil (1ª versão, 1996) subsidiava o repertório de bantuísmos consignados no Dicionário Houaiss da língua portuguesa (Rio, Ed.Objetiva), que acolheu algumas centenas de hipóteses etimológicas levantadas por suas pesquisas e referidas no corpo da obra. No mesmo ano, participava do projeto musical “Ouro Negro”, em homenagem ao ilustre maestro Moacir Santos, escrevendo letras para cinco temas do homenageado, em canções gravadas respectivamente pelos cantores Gilberto Gil (Disco 2, faixa 4. Maracatu, Nação do Amor (April Child)), Milton Nascimento (Disco 1, faixa 4. Coisa Nº 8 – Navegação (Make Mine Blue)), Djavan (Disco 1, faixa 8. Sou Eu (Luanne)), João Bosco (Disco 2, faixa 8. Oduduá (What’s My Name)) e Ed Motta (Disco 1, faixa 13. Orfeu (Quiet Carnival)). Em 2005, seu CD “Partido ao cubo” era eleito o melhor disco de samba no Prêmio da Musica Brasileira. Nesse mesmo ano, a carioca Pallas Editora publicava o livro O samba do Irajá e de outros subúrbios: um estudo da obra de Nei Lopes, resultado de tese de mestrado defendida pelo antropólogo Cosme Elias na UERJ; e em 2009, a paulistana Selo Negro inaugurava a coleção Retratos do Brasil Negro, com a publicação da biografia de Nei Lopes, escrita pelo jornalista Oswaldo Faustino.
No inicio de 2012, Nei gravava, para a posteridade, depoimento sobre sua trajetória no Museu da Imagem e do Som, MIS-RJ; e, em novembro recebia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro o título de doutor honoris causa. Antes disso, por seu trabalho como intelectual e artista, em 1998 Nei Lopes foi agraciado com a Medalha Pedro Ernesto, conferida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro; em novembro de 2005 recebia, do Governo Brasileiro, a Ordem do Mérito Cultural, no grau de comendador; em junho de 2006 era focalizado pela Revista O Globo (nº.100, 25.06.06) na reportagem “100 brasileiros geniais”; e em 24 de janeiro de 2007 tinha artística foto sua publicada na seção “Retratos Capitais” da revista Carta Capital, com a seguinte legenda: “Em música e nas letras, a voz do samba e da consciência negra”. Em novembro de 2007, Nei Lopes era agraciado com a Medalha Tiradentes, outorgada pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro; e em 2009 era eleito “Homem de Idéias” do ano, pelo suplemento Idéias, do Jornal do Brasil. Além dessas, Nei tem em seu currículo homenagens prestadas pelas Câmaras municipais de Niterói, RJ; Seropédica, RJ; e Belo Horizonte, MG.
Em abril de 2013 Nei vem de finalizar o romance “Rio Negro, 50”, sobre o Rio na década de 1950, do ponto de vista do povo negro; e trabalha, em parceria com Luiz Antônio Simas, no projeto de um Dicionário da História Social do Samba