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Dias Áureos

Neco Vieira

Hoje é dia do dissabor,
Dia de fazer paz e amor,
Dia de eu morrer,
E a sua paz nascer.
Acho que já atrapalhei demais,
E é tempo de querer mais.
Eu sou o barulho,
Em meio ao teu silêncio,
Sou eu o orgulho,
Teu grande malefício.
Eu sou a vida perante a morte,
Eu sou a faca que não faz corte,
Eu sou o tempo, o relógio parado,
A junção do futuro e passado,
O cordel das desgraças alheias,
A literatura de letras feias,
O pecado perante o senhor,
O recado não dado ao amor,
O espelho das tuas belezas,
O tapete de tuas sandálias,
O remédio pra toda sua dor,
Eu sou teu corpo e amor;
Ontem foi dia de tristeza,
Fui o álcool, que hoje te imuniza,
Foi festa tão mórbida,
Houve tempo alegre em minha vida.
E amanhã o que será?
Tem gente que vai dizer,
"Fugiu temendo com o que virá"
Mas existem lugares melhores.
Não é tudo perfeito assim
Como todos pensam,
Eu sei que aqui, que é o paraíso,
Não deixar de pensar nisso.
Tudo passado tão rápido,
Quão a vida de uma pessoa boa,
Não sei se é tudo colorido,
Mas agora é hora de voar.
Nem vou dizer adeus,
Por que logo quero voltar,
Por que continuo sendo teu;
Mas nunca me ensinou a te amar.






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