Né Ladeiras, dentre todas as cantoras aqui apresentadas, talvez seja a que tenha a trajetória mais original e o estilo mais pessoal.
Nascida no Porto, no dia 10 de Agosto de 1959, em uma famíia com grandes afinidades com a música, já em sua adolescência ela integrou alguns projetos musicais, dentre os quais um duo acústico formado com uma amiga.
Sua carreira musical começou realmente com a fundação, em 1974, com diversos amigos, da Brigada Victor Jara, projeto no qual tocavam sobretudo música latino-americana e, posteriormente, música tradicional portuguesa.
Em 1979, após se separar da Brigada, Né Ladeiras juntou-se ao agrupamento Trovante, ainda antes de este grupo alcançar o sucesso.
Até a gravação de seu primeiro álbum solo, Né Ladeiras participou de diversos outros projetos.
"Alhur", seu primeiro álbum, foi lançado em 1982, tem a curiosidade de ter como músicos de estúdio os Heróis
do Mar, famosa banda de rock cujo líder era então Pedro Ayres Magalhães, que em 1986 seria um dos fundadores do Madredeus.
Né Ladeiras retribuiu, nesse mesmo ano, a colaboração com os Heróis do Mar, participando no maxi-single de
"Amor", que se tornou um grande êxito comercial.
Em 1984, o mesmo Pedro Ayres Magalhães produziu "Sonho Azul", também assinando com a cantora a composição das
músicas.
Em 1989, ela curiosamente lança um álbum dedicado à atriz sueca Greta Garbo, "Corsária", fruto de um projeto de pesquisa, o que, aliás, é bem característico do trabalho solo de Né Ladeiras.
Seu quarto trabalho solo, "Traz-os-Montes" (1994), foi resultado de dois anos de pesquisa de material relacionado com a música e a cultura tradicionais transmontanas, e seu quinto álbum, "Todo Este Céu" (1997), é inteiramente dedicado às canções de Fausto, grande compositor popular português.
Seu último álbum, "Da Minha Voz", têm inúmeras músicas do brasileiro Chico César e teve lançamento no Brasil em espetáculos realizados em São Paulo, com a orquestra do Teatro Municipal de São Paulo e com o grupo Mawaca.
A imprensa brasileira teceu críticas positivas e elogiou, sobretudo, a voz grave e segura de Né Ladeiras.
O álbum conta ainda com a participação de Ney Matogrosso, curiosamente cantando sozinho o tema
"Sereia" - enquanto a voz límpida de Né Ladeiras dá alma ao ser mitológico do título da canção.