Éramos eu e um cavalo
No seu galope macio
Pulando cerca de arame
Pisando morro de pedra
Andando em leito de rio.
Éramos eu e um cavalo
E era um cavalo bravio
Casco de lâmina forte
Andar de chão de montanha
Crina de véu e pavio
Ele bufando fagulha
E eu contraído de frio
Mandando pelo barroso
Éramos eu e um cavalo
Indo de encontro ao vazio.
Éramos nós e os cavalos
Feitos do mesmo feitio
Vindo de todos os lados
E sobre eles sangrentos
Seus cavaleiros sombrios.
Éramos nós e os cavalos
A nos causar calafrios
Todos os outros já mortos
Por essa causa contrária
Que se chamou poderio.
E eu com uma bala no peito
Meu alazão nos baixios
Caímos na cordilheira
Deixando a causa nas lendas
Prá quem quiser desafio.