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Filho Sem Sorte

Nádia Maia

Eu sou um filho sem sorte
Que só nasci pra sofrer
Vivo triste e abandonado
Sofrendo sem merecer
Pra mim não existe festa
Uma vida feito esta
É muito melhor morrer

Quando eu tinha quatro anos
Minha mãe adoeceu
Papai fez todos esforços
Comprou remédio e lhe deu
Pra minha infelicidade
Eu fiquei na orfandade
Não teve jeito e morreu

Só ficou eu e papai
Na maior latentação
Pra me ajudar sofrer
Não ficou nenhum irmão
Fiquei sem prazer na vida
Perdi minha mãe querida
De mim nun dar a benção

Por tanto quem não tem mãe
Só nasce para sofrer
Passa a noite sem dormir
Passa o dia sem comer
Sua caminha é um chão
E o seu consolo é um pão
Quando acha quem lhe dê

Os outros meninos passam
Por perto de mim mangando
Por que tem roupinhas novas
Minhas velhas se rasgando
Aumenta meu sofrer mais
Se eu tivesse meus pais
Não iria assim ter não

Se eu tivesse mamãe
Não sofria tanto assim
Eu só tenho quatro anos
Meu deus que será de mim
Aumenta minha tristeza
Parece que a natureza
Está separada de mim

De dia eu fico contente
A noite eu sinto agonia
A noitinha eu vou deitar
Na terra molhada e fria
E quando vou adornando
Sonho mamãe me botando
Em uma caminha vazia

Eu acordo e não vejo ela
Aí começo a chamar
Mas ela não me responde
E volto pra o mesmo lugar
De manhã procuro ela
Depois acendo uma vela
E ai começo a rezar

Eu rezo para mamãe
Pra o meu papai amado
Porque sou pequenino
Nesse mundo separado
Agora vou terminar
Peço pra não desprezarem
Os filhinhos abandonados

Agora vou terminar
Peço pra não desprezarem
Os filhinhos abandonados






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