A banda mundo livre s/a surgiu no Recife em 1984. Oriundo do hardcore Câmbio Negro, Fred 04 reuniu seu irmão Fábio (baixo) e mais os amigos Neguinho e Havron para reinventar o punk rock, injetando doses de psicodelismo e uma guitarra baiana, mistura que resultou em uma sonoridade bem brasileira.
Em 1987, a mundo livre s/a teve todos os seus instrumentos roubados e resolveu dar um tempo.
Voltaram à ativa em 1989 com o núcleo básico familiar dos irmãos Fred 04 (voz, cavaco, guitarra e violão) e Fábio (baixo), ao qual veio se juntar o irmão caçula Tony (bateria). Logo o percussionista Otto agregou-se ao grupo, juntamente com Bactéria (teclado e guitarra). Otto deixou a banda em 1996 para seguir carreira solo, sendo substituído por Marcelo Pianinho, atual percussionista.
A nova fórmula da mundo livre s/a aproximou-se mais das raízes brasileiras, incorporando em seu som o maracatu, o samba e o lado soul do Ben Jor, misturado com forte influência do Clash, Funkadelic e experimentações ousadas.
No ano seguinte, o pessoal da mundo livre s/a conheceu Chico Science, Loustal e o grupo Lamento Negro. Surgia aí o embrião do Movimento Mangue, baseado na ideologia de resgatar elementos da cultura pernambucana traduzidos para o mundo cibernético.
Para fundamentar esse conceito, Fred 04 redigiu o manifesto Caranguejos Com Cérebro, publicado no encarte do primeiro CD de Chico Science & Nação Zumbi. Além do manifesto, criaram um linguajar próprio e organizaram uma série de festas e shows. Até que a onda cresceu e se espalhou pelo país.
A morte de Chico Science, em fevereiro de 1997, levou Fred 04 a redigir um segundo manifesto, denominado Quanto Vale Uma Vida?, no qual faz um balanço e uma previsão do futuro do movimento que iniciou com Chico Science.
Ainda assim, muitos confundem o Movimento Mangue com um possível ritmo chamado Manguebit (como foi pensado originalmente por Fred 04 e Chico Science) ou Manguebeat, que foi adotado pelos meios de comunicação de um modo geral para rotular o irrotulável. Na verdade, o Manguebit pode ser considerado sinônimo da exuberante diversidade musical pernambucana.
Talvez seja por isso que a banda mundo livre s/a pega os desavisados de surpresa. Seu som não admite rótulos. É um liquidificador cultural ligado em velocidade supersônica. Cada música é uma viagem em particular.