No Natal de 1948, chegava em São Paulo procedente de Campos, Estado do Rio de Janeiro, junto com um pequeno grupo de amigos, Juarez da Cruz, que em pouco tempo teria participação no desenvolvimento do Carnaval de São Paulo.
Em 1950 Juarez, seu irmão Salvador da Cruz e mais dois amigos resolveram sair no Carnaval vestidos de mulher. Saíram no Sábado e só voltaram na Quarta-feira, para desespero de suas esposas e filhos. Nos anos seguintes o bloco foi aumentando, com a presença de outro irmão, Carlos.
No ano de 1958, em homenagem ao prefeito da Capital, que iniciava campanha de recuperação dos bondes e ônibus da cidade, o bloco saiu com o nome de Bloco das Primeiras Mariposas Recuperadas do Bom Retiro, já que Juarez e seus amigos moravam na Rua José Paulino, centro comercial de roupas feitas, armarinhos e enxovais.
Havia um código, que teria hoje total reprovação das feministas: embora a maior parte dos componentes do bloco fosse casada e suas mulheres pretendessem participar, isso era vetado a elas.
Por imposição de um dos componentes do grupo, que se recusava a sair fantasiado de mulher, no ano de 1963, eles saíram de palhaços e percorreram a Avenida São João, onde a Rádio América promovia o Carnaval de rua com exclusividade. Nesta época cada bairro fazia seu próprio Carnaval, promovido geralmente por firmas comerciais quando o bloco passava em frente ao palanque armado próximo ao Cine Paissandu, o apresentador disse em alto tom: "É um bloco muito alegre, um bloco de sujos, como existem muitos no Rio de Janeiro...
Ao sentarem na esquina da São João com Conselheiro Crispiniano, aquela frase não saía de suas cabeças. Estavam no meio-fio, descansando, quando resolveram dar um nome ao bloco. Entre muitas sugestões o escolhido foi Mocidade Alegre, já que ao se apresentarem eles evocaram na lembrança do locutor os melhores tempos do Bloco Carnavalesco Mocidade Louca, de Campos e "alegre" foi o adjetivo usado para apresentá-los ao povo.
O ano de 1963 marca também outro fato importante na história da Mocidade Alegre, o que seria encarado hoje como uma vitória total das feministas: um dos componentes não quis sair vestido de mulher, o que deu a chance para as mulheres vencerem a resistência masculina em plena terça-feira gorda. Neide, a mulher de Salvador, saiu fantasiada de Palhaço. Sem querer, ou talvez planejado pelas esposas - e elas negam o plano.
Neide da Cruz marcou o início do Bloco Carnavalesco Mocidade Alegre e todas as transformações posteriores.
Juarez da Cruz trabalhava no supermercado Peg Pag desde 1955. No ano de 1964, um dos diretores, o francês François Bellot, casado com uma norte-americana, solicitou a presença do bloco em sua residência no carnaval do ano seguinte.
Em 1965 o bloco, agora com a participação de esposas e filhos, saiu de gregos. Entusiasmados, Bellot sugeriu a Juarez que aumentasse o número de componentes do Bloco e se preparasse para desfilar em Santos, onde a secretaria de turismo preparava um Carnaval de rua organizado - o que não ocorria aqui em São Paulo.
A rede de supermercados colaboraria, solicitando aos seus fornecedores de aves que cedessem as penas, o tema escolhido era índios astecas.
A lavanderia da organização cuidaria dos sacos de linhagem, antes embalagens de batatas,e que agora serviriam para a confecção das tangas. Os funcionários do departamento de Promoção cuidariam dos desenhos das fantasias dos índios latino-americanos.
Em 1966, foi escolida a fantasia de espantalho. Para a confecção das fantasias foram comprados cetins, tafetás e sedas, recortadas posteriormente em tiras. O dinheiro foi arrecadado a partir de um livro de ouro assinado pelos diretores e fornecedores do Peg Pag e da rifa de um carro. Mas, ao passarem perto dos componentes de uma escola de samba no Ibirapuera, numa promoção da Rádio Record, alguns ouviram um comentário nada delicado. Mais ou menos isso, entre espanto e total surpresa: "Que escola é esta! Toda esfarrapada. Que mau gosto..."
A Questão é que os autores da maledicência não sabiam diferenciar uma escola de um bloco. E que os tais "farrapos" tinham custado mais caro do que suas pretensas luxuosas fantasias. Aliás, uma das características da Mocidade Alegre desde o início é o extremo cuidado na confecção das fantasias.
Desde de seu início, a Mocidade Alegre provocou os mais diferentes comentários, assim ocorreu em 1966, quando Phillipe Aladin, presidente do Supermercado Peg Pag, convidou o grupo para uma festa em sua residência. Os funcionários que não desfilavam no bloco dividiram-se em duas correntes, uma chamava os componentes de "puxa-saco" outra que criticava o presidente por ter recebido em sua casa um bando de "negros pinguços".
Em 1967, o tema escolhido foi romanos os homens vestidos de gladiadores, com fantasias de pele de carneiros - as mulheres tranças de damascos na cabeça. Foi em meados de 1967 que se criou a Federação das Escolas de Samba de São Paulo.
O Radialista Moraes Sarmento convocava todas as escolas, cordões e blocos carnavalescos para organizarem o carnaval paulistano de 1968.
As reuniões eram realizadas no Paulistano, na Rua da Glória. A partir dos estatutos dos "Acadêmicos do Peruche" foi elaborado o da Mocidade Alegre, em 24 de setembro de 1967 se transformou no Grêmio Recreativo Mocidade Alegre, sendo seu primeiro presidente Juarez da Cruz.
Para o Carnaval de 1968, o tema escolhido foi "Índios do Brasil". Como havia 180 componentes, mas todos pobres, o único recurso foi apelar mais uma vez para a direção do Peg Pag. Valeu a pena. Havia um carro alegórico representando as selvas brasileiras com uma cascata mantida a partir de um tanque d'água, movida por uma bomba a gasolina. Faróis de milha iluminavam tudo. A Mocidade estava pronta para desfilar às nove horas da noite.
Quando acabaram de chegar próximo ao Lord Hotel, Juarez foi procurado pelos componentes da Federação, que expuseram o problema. O Rei Momo que deveria abrir o desfile num carro dos bombeiros se atrasou e o carro já havia passado.Ele não poderia descer a avenida a pé, afinal era rei.
As crianças, representado os curumins, foram retiradas da plataforma e substituídas pelos quase 200 quilos do Rei Momo. O peso foi tão desproporcional que o motor deixou de funcionar, e com ele a cascata de águas límpidas.
Terminada a apuração veio o resultado: Mocidade Alegre em 5º lugar, penúltima Escola.
Naquela época os ensaios eram realizados nas ruas de Vila Mariana. Os quietos moradores denunciaram várias vezes os componentes a policia, dizendo serem marginais. O jeito foi transferir os ensaios para um terreno vago na Pompéia de propriedade do Peg e Pag, onde aos domingos se jogava futebol pela manhã, churrasco à tarde e à noite, os ensaios.
O batuque atraia aos poucos os grandes nomes do samba de São Paulo, que foram chegando e transmitindo conhecimentos, Dráusio da Cruz, da Escola de Samba Império do Samba de Santos, começou a ensaiar os passistas e ritmistas. Estreitando os laços entre as escolas, e a Mocidade Alegre ganhava assim a sua nobre madrinha.
Neste ano, 1969, o tema escolhido foi romanos, a Mocidade Alegre ganhou o primeiro lugar. Passou assim para o segundo grupo, transformando-se de bloco carnavalesco em escola de samba.
A Mocidade Alegre conseguiu a proeza de ser tricampeã do carnaval paulistano logo após subir para o grupo principal. Em 1970, venceu o Segundo Grupo e, nos anos seguintes, já promovida ao Grupo de Elite, foi campeã logo de cara, em 71, repetindo o feito em 72 e 73.
A Mocidade foi a primeira Escola paulistana a introduzir destaques sobre os carros alegóricos, adereços de mão e alas coreografadas. A Escola também teve a honra de ser a primeira Escola de Samba a ser convidada pelo Ministério da Cultura a representar a Cultura da Raiz Paulistana na Europa, viajando para a Ilha da Madeira.
No início dos anos 70 a Escola manteve a tradição de apresentar enredos sobre São Paulo. No final da década de 70 e início dos 80 a tradição eram temas relacionados à cultura negra, marcando até hoje a personalidade da Escola na abordagem de temas afro-brasileiros. Exemplo mais atual e marcante deste gênero foi o carnaval de 2003, quando a Escola obteve o vice-campeonato com o enredo "Omi - O Berço da Civilização Yorubá"
Nos anos 90, chegou em terceiro lugar em 1993, 1996 e 2000, mantendo-se sempre entre as principais agremiações paulistanas.
Na galeria de carnavais vitoriosos podemos apresentar os campeonatos dos anos de 1971, 1972, 1973, 1980 e mais recentemente no Carnaval 2004, quando todas as Escolas desfilaram com temas fazendo referência aos 450 Anos da Cidade de São Paulo!
Em 2005, com o enredo "Clara, Claridade... O canto de luz no Ylê da Mocidade" (sobre a obra da saudosa cantora mineira Clara Nunes), obteve o 3º lugar do Grupo Especial. E no carnaval 2006 repetiu a colocação do ano anterior ao apresentar o enredo "Das Lágrimas de Iaty surge o Rio, do Imaginário Indígena a Saga de Opara. Para os Olhos do Mundo um Símbolo de Integração Nacional: Rio São Francisco" (sobre a história do Rio São Francisco contada através do imaginário indígena).