Eu moro num rancho a quatro gancho' e costaneira
Marco de fronteira, ponto de partida
Quando o sol levanta e a vida canta na cigarra
Eu pego a guitarra, pra cantar a vida
Meu canto de paz, no bojo, traz cantos de guerra
E o sangue da terra, que é seiva na planta
Eu entro de frente nos ambientes requintados,
Mas, por outro lado, o simples me encanta
(Meu canto charrua se veste de gala
E o uruguai me embala num tronco de corticeira
Se um tango flutua, num passo perfeito,
Coração, no peito, bate zamba y chacarera
Se o uruguai recua, eu cruzo montado;
Vou buscando o som de um bandoneon pela fronteira.
Dois olhos de luanum corpo bem feito,
E um bombo, no peito, bate zamba y chacarera)
Há quem diga que eu sou o mais ateu dos infelizes,
Por não ter raízes nem querer fortuna
Por viver à beira da ladeira do abandono,
Dos catres sem dono, y de guitarra y luna
Mas de que me adianta terra tanta e gado miúdo,
Se quem tem de tudo, por pouco se arrasta?
E se não me enfeitiça essa cobiça sem medida
É porque, tendo a vida, meu pouco me basta
(Meu canto charrua se veste de gala
E o uruguai me embala num tronco de corticeira
Se um tango flutua, num passo perfeito,
Coração, no peito, bate zamba y chacarera
Se o uruguai recua, eu cruzo montado;
Vou buscando o som de um bandoneon pela fronteira.
Dois olhos de luanum corpo bem feito,
E um bombo, no peito, bate zamba y chacarera)
Composição: Miro Saldanha