Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Eu tive pai, eu tive mãe eu tive filha, mas perdi toda a família, a liberdade e o amor,
E hoje em dia eu só tenho dor e calo, trabalhando no embalo, do chicote do feitor.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Eu já fui Rei, a minha mulher foi Rainha, pela mata eu ia um dia, livre como animal,
Mas hoje em dia, sou como um bicho acuado, trabalhando acorrentado, preso no canavial.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
A alma negra nunca foi escravizada, correu menina levada, brincado no céu de lá,
Roubaram o Sol, roubaram a noite meu dia, não roubaram a poesia que eu trago no meu cantar.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Eu sou guerreiro tenho fé e tenho crença, porque me firmo na bênção, que ganhei dos orixás,
Sou cana forte, sou mermé cana caiana, minha doçura te engana, é ruim de me derrubar.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.
Ô corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
ô corta cana no canavial.