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Tem Coisas Na Milonga

Mauro Moraes

Quando o silêncio encalha nas minhas idéias,
Sobra intolerância aos guachos lambendo a miséria.
Nesta intragável impaciência, teimosa e arteira,
Controvérsia de sinuelos abrindo porteiras...

Quando a vida amaga de forma sentida,
Até a eguada relincha, rebelde e de estima,
Frente à rudez do pampeiro que aos poucos resume
Todo o clamor das taperas e o amor pelo lume...

(Ah! costumeira razão de cada um,
Tu não merece perdão algum.) Bis

Quando o destino se espalha no tempo e no vento,
Toda a cuscada retoça, esculhamba os pelegos,
Focinha o faro do dono, a sobra da bóia
Ou até o rastro do mano que ali bateu cola...

Quando o aparte reparte seus versos e prosas,
Dá a impressão que a saudade se esvai campo-fora,
Dá tanta tristeza nos olhos que a mágoa se achega,
Toma mate, conta causo, come e se deita...


(Ah! costumeira razão de cada um,
Tu não merece perdão algum.) Bis


Quando a milonga concebe luz própria sozinha,
Causa uma enchente nos olhos e inunda a vidinha,
Dá um negócio na pele e um troço esquisito,
Comenta o fogo, toca n'alma, ilumina os ouvidos...






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