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O Mouro e o Freio de Ouro

Mauro Ferreira

O Mouro e o Freio de Ouro

Um dia desses eu tava carneando um touro,
Fazendo um charque bem forte e lonqueando couro
Quando anunciaram no rádio o Freio de Ouro
E eu fui no fundo do campo e volteei meu mouro

Deixei posar de mangueira e tosei volteado
Ficou com pose de pingo de delegado
Então eu pensei comigo, bem entonado:
-Segunda feira nós dois tamo consagrado!

Botei o freio com palmo e meio de perna
Senão o meu mouro enquexa e se desgoverna
Tapeei meu chapéu na testa que eu sou da cousa
E entrei no parque com pose de Wilson Souza

De pronto vi a má vontade com o meu cuiudo
Porque tava meio magro e meio peludo
Ouvi quando um dos jurado falou em esquila
E de vereda eu já tava no fim da fila...

Então eu disse pro mouro que nesse dia
Nós ia ter que mostrar tudo que sabia!
E enquanto os outros entravam de tranco e trote
Pra impressionar nós já entremo a todo galope!

Mas veio a tal da figura amaldiçoada
Olhei pros feno e senti que ia dá cagada
Meu mouro loco de fome da delgaçada
Parava em tudo que é fardo pra dá bocada!

O tal do giro nas patas eu não conhecia
Mas fiz na base do mango e da judiaria
E quando atirei o corpo p\'ruma esbarrada
Partiu as cana da rédea e não vi más nada!

Me ergui pra não fazer feio, numa tontera
Atei as rédea, montei e fui pra mangueira
Me toca uma vaca preta, flor de ligeira
De vez em quando eu achava o rastro e a poeira...

Mas eu sou um índio campeiro e pedi socorro
E já saltaram pra dentro meus três cachorro!
Deixaram a tal poleanga bem estaqueada
E eu quase parti no meio duma pechada!

Quando fumo paletear eu já tava em primeiro
Corri com um tal de Curinga, muy traiçoeiro
O tipo fechou no ouvido, só por artista
E o mouro parou nas tábua do fim da pista!

Foi quando um jurado um tal de Marcelo Cueio
Ameaçou levantá um cartão vermeio
E eu fui ver ele de perto e virei meu reio
Ele me deu um amarelo e largou o vermeio...

Voltei pra casa pensando que era verdade
El Freno de Oro no es changa, mire compadre!
Soltei o mouro nas égua e me fui pras tia,
Pois vi que meu mouro e eu, damo só pra cria!!

Composição: Luiz Carlos Borges / Mauro Ferreira





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