Na feira de Carpina
Conheci um cantador
me contou a sua sina
sua estória de amor
com os versos cristalinos
tecelão dos desatinos
o poeta me desarmou
Sentei praça na marinha
pra esquecer o meu amor
as delícias que ela tinha
o cheiro doce sedutor
o destino foi covarde
um torpedo da saudade
meu coração atravessou
Ao voltar pra minha terra
Fiz cangaço sim senhor
Nas tocaias pela serra
Feri, matei, causei horror
na teia das lembranças
O cheiro daquelas tranças
No meu corpo se entranhou
Fui a pé pro Juazeiro
rezar pro Santo protetor
pra dona daquele cheiro
voltar a ser o meu amor
na romaria , o povo gemendo
sinhá beata veio dizendo
Padim desencarnou
Desde aí sou repentista
violeiro e aboiador
já escureçeu minha vista
as juntas tão cheias de dor
nenhum verso que eu rime
alivia e nem suprime
O cheiro doce da flor
Hoje guardo na memória
Zé Limeira cantador
Imprimiu , vendeu essa estória
Num cordel na feira do interior
belos versos que me disse
Juro fez com que eu sentisse
O cheiro desse eterno amor
Composição: Zeh rocha e Cáudio Noah