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Transparente

Mariza

Como a água da nascente
Minha mão é transparente
Aos olhos da minha avó.

Entre a terra e o divino
Minha avó negra sabia
Essas coisas do destino.
Desagua o mar que vejo
Nos rios desse desejo
De quem nasceu para cantar.

Um Zambéze feito Tejo
De tão cantado q'invejo
Lisboa, por lá morar.

Vejo um cabelo entrançado
E o canto morno do fado
Num xaile de caracóis.

Como num conto de fadas
Os batuques são guitarras
E os coqueiros, girassóis.

Minha avó negra sabia
Ler as coisas do destino
Na palma de cada olhar.

Queira a vida ou que não queira
Disse deus à feiticeira
Que nasci para cantar.

Composição: Paulo Jorge de Abreu Fonseca Monteiro/Rui Manuel Gaudencio Veloso





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