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Caluda, Tamborins

Mário Lago

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Caluda, tamborins, caluda !
Silencio, tamborins silencio,
Um biltre meu amor arrebatou,
Um infame roubou o meu amor,
No paroxismo da paixão ignota,
No auge de uma paixão desconhecida,
Supu-la um Querubim. Não era assim.
Pensei que ela fosse um anjo. Não era !
Caluda, tamborins, caluda...
Silencio, tamborins silencio...
Soai plangentemente, ai de mim.
Batei como quem chora, ai de mim.

Vímo-nos num ror de gente,
Nós nos vimos no meio da multidão,
E, sub-repticiamente,
E, disfarçadamente,
O olhar seu me dardejou,
Seu olhar me atingiu como se fosse uma lança,
Cáspite, por suas nédias madeixas,
Puxa vida (ou PQP), por seus cabelos brilhantes,
Que suaves endechas,
Que suaves poesias,
Em pré-delíquio o pobre peito meu trinou,
Meu pobre peito cantou quase desmaiando,
Fomo-nos, de plaga em plaga,
Fomos andando por aí, sem destino,
Pedi-lhe a mão catita,
Pedi-lhe a mão bonita,
Em ais de êxtase m'a deu,
Entre suspiros de encantamento ela me atendeu,
E o dealbar de um amor,
E o amanhecer de um amor,
Em sua pulcra mirada resplandeceu. Olarila !
Se acendeu em seu olhar puro. Oba !

Férula, ignara sorte,
Sorte rude e cruel,
Solerte a garra adunca,
Manhosamente estendeu,
Em minha vida estendeu !
Sua garra afiada em minha vida !
Trêfega ia a minha Natércia,
Minha Natércia ia alegre,
Surge o biltre do demo,
Surge o infame do diabo,
Rendida à sua parlanda ela se escafedeu.
E, vencida pelo seu blábláblá, ela fugiu,
Vórtice no imo trago,
Trago um redemoinho dentro de mim,
São gritos avernais,
São gritos infernais,
Que no atro ódio exclamei,
Que saem do meu ódio profundo,
Falena sou, desalada...
Sou borboleta que perdeu as asas...
Ó numes ouvi-me: Aqui Del-Rey....
Ó, Deuses escutem-me : Socorro !






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