Venho cortando querências
Do meu Rio Grande divino
No teclado da cordeona
Eu achei o meu destino
Num fandango missioneiro
Misto de bugra e guerreira
Quando eu abro esta cordeona
Berra a alma missioneira
Assim vou cruzando o pago
A cavalo na melodia
E o canto desta gaúcha
É vertente de alegria
Fandango aonde eu toco
A indiada se arrepia
Começa á boca da noite
E vai ao clarear do dia
Vejo a indiada bailando
E as velhas batendo o pé
Quando eu abro esta cordeona
Num galpão de Santa-Fé
A noite fica pequena
Eu chego enxergar até
O Rio Grande escaramuçando
Na terra do índio Sepé
Aonde estiver' festança
Eu esbarro o pingo e apeio
Se a tristeza estiver perto
Eu pealo ela e soco um freio
Minha raça é missioneira
E a gente nunca fez feio
Por isso, ando com essa gaita
Cortando o Brasil no meio